sábado, 22 de agosto de 2015

No dia em que o Castelo de Castro Laboreiro "foi pelos ares"...

Ruínas das muralhas do castelo de Castro Laboreiro

Foi no dia 18 de Novembro do ano de 1659, pelas nove da manhã, que um raio caiu sobre o Castelo de Castro Laboreiro originando uma violenta explosão que destruiu completamente a torre de menagem e zonas adjacentes. Na dita torre localizava-se um paiol de pólvora o que explica a magnitude da explosão. Não ficou pedra sobre pedra. Nunca mais o castelo recuperou a imponência e vitalidade que tinha até aí. Diz-se que foi um castigo de Deus para alguns que habitavam no castelo.
Este episódio é erradamente colocado pelo professor Pinho Leal, na sua obra Portugal Antigo e Moderno (1874), na idade média. No dito livro afirma que “no principio do seculo XIV, cahiu um raio no paiol da pólvora, que, incendiando-se, fez ir o castello pelos ares pelo que o rei D. Diniz o mandou reedificar”. Contudo um documento da época descreve com algum pormenor este episódio e situa-o na data e hora acima citada.
No dito documento, diz-se que "Aos dezoito dias de Novembro de 1659, que foi uma terça-feira, às nove horas da manhã, caiu um raio na Torre do Castelo, que servia de Armazém da pólvora e mais munições, o qual raio deu na pólvora e fez a maior ruína que se sabe, pois da Torre e mais partes acessórias não ficou pedra sobre pedra e deste grande prodígio se vê claramente ser grande castigo do céu que Deus mandou para castigar pecadores que dentro deste Castelo estavam nesta grande desventura se viram grandes milagres. O primeiro foi escapar o Governador Gaspar de Faria com a sua mulher e mais família, estando na parte mais arriscada, pois aí removeu a muralha da Torre; as suas casas e as fez em pedaços e aí estavam e aí escapou com mais segurança e castigou o que na Ermida não podia ficar pedra sobre pedra, pois caiu toda a Torre sobre ela e ficou Nossa Senhora dos Remédios aí me recolhi, sem cobertura, sem água, ficando debaixo toda a máquina. Terceiro Milagre;  Foi que escapou um Escrivão do Governador debaixo desta ruína, sem avaria e são. Nesta desventura morreram - Gaspar Lima de Castro, Escrivão das Décimas e Sisas e Tres/ados; e um mulato seu criado, por esse nome Marcos, natural de Tangil e um miúdo, criado do Governador, por nome de Gaspar de Medeia e dois soldados. Do livro n.º 51, folhas 5. Gaspar de Almeida dos Capitães o fez".

Castelo de Castro Laboreiro em 1509
(desenho de Duarte d'Armas) 

Informações extraídas de:


- RODRIGUES, P.e Aníbal (1996) - O Castelo de Castro Laboreiro, in ‘Estudos Regionais’, n.º 17, Ed. C.E.R, Viana do Castelo.

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