domingo, 23 de junho de 2013

Castro Laboreiro: a Terra e a sua Igreja Paroquial (algumas referências históricas)


No século IX, D. Afonso III, o Magno, doou, a título hereditário, a Hermenegildo Mendo, Conde do Porto e Tui, a maior parte da Limia, a região do Bubal e os Montes de Laboreiro, como recompensa por ter submetido o rebelde Guicia. No final do século X, segundo a lenda, teria sido nesta época que São Rosendo de Celanova terá fundado a vila e a sua igreja. Em 1241, a 28 Fevereiro, foi assinado um acordo entre D. Sancho II e o abade e Convento de Celanova, pelo qual o rei recebeu a igreja e Castelo de Castro Laboreiro, com todos os seus direitos e pertences, ficando o mosteiro com a igreja de Monte de Córdova, no bispado do Porto, também com todos os seus direitos e pertences.
Em 1258, faz-se referência à igreja paroquial de Santa Maria em Castro Laboreiro nas Inquirições de D. Afonso III. Era pároco João Pais, o primeiro de que se tem conhecimento. Deste edifício, deverão provir alguns silhares siglados que integram actualmente construção fronteira à igreja. Em 1271, a 15 Janeiro, na carta de foro de Padrão de Sistelo nos Montes de Laboreiro, o Conde de Bolonha impôs aos seus moradores que pagassem os dízimos à sua Igreja de Santa Maria de Castro Laboreiro. Em 1275, a 29 Agosto, D. Afonso III manda que se cumpra a carta de composição, assinada em Zamora, entre D. Sancho II e o abade e convento de Celanova. Em 1279, a 14 Maio ou em 1280, a 1 Janeiro, (não há certeza) foi feita a apresentação régia de Romano Pedro como pároco, por carta de D. Dinis. Ainda em 1297, a 23 Setembro, D. João Fernandes de Soutomayor, bispo de Tui, recebe de D. Dinis o padroado das Igrejas de Santa Maria de Castro de Laboreiro e de Viana. Em 1319, Castro Castro Laboreiro foi integrada na Comenda da Ordem de Cristo da Casa de Bragança, cujos Reitores eram de apresentação régia aos arcebispos de Braga. Em 1307, a 22 Maio, D. Dinis revogou a doação anteriormente feita, alegando ter sido induzido em erro pelo bispo de Tui. Em 1308, a 1 Janeiro, o bispo D. João devolve ao rei de Portugal o direito de padroado da Igreja de Castro de Laboreiro, juntamente com o de Santa Maria de Monção, mas reservando para o episcopado os direitos de padroado de várias igrejas de entre Lima e Minho. Em 1320 ou 1321, existe referência à Igreja de Santa Maria de Castro Laboreiro no Catálogo de todas as Igrejas integrando as Igrejas da Terra de Valadares sendo neste contexto taxada num valor só superado pelos mosteiros de Fiães e Paderne. Em 1330, a 3 Setembro verifica-se a confirmação do escambo por D. Afonso IV. O monarca queixa-se do não cumprimento pontual do contrato, segundo o qual o bispo se comprometera a restaurar a igreja de Monção em duzentas libras anuais. Em 1359, a 18 Julho, dá-se a apresentação de Vasco Afonso como pároco por D. Pedro I. Em 1379, a 18 Junho, verifica-se a apresentação de Estêvão Pires pelo rei D. Fernando. Em 1481, a 23 Fevereiro, o rei D. Afonso V concedeu o direito de padroado da igreja ao 3º Duque de Bragança, D. Fernando, solicitando ao prelado do arcebispo de Braga que lhe confirmasse o pároco que por ele fosse apresentada na igreja. Em 1483, tendo o Duque de Bragança sido acusado de traição régia e executado, o direito de padroado da igreja passou para a Coroa.
No início do século XVI, apesar de a casa de Bragança ter sido restaurada durante o reinado de D. Manuel, o padroado de Castro Laboreiro não lhe foi restituído, continuando na Coroa. Em 1509, foi elaborado o desenho de Duarte D'Armas do Castelo de Castro Laboreiro figurando a vila na qual se ergue a igreja com nave, capela-mor diferenciada e campanário de dupla sineira disposto lateralmente. No século XVI, a Igreja passou para a comenda da Ordem de Cristo, tendo sido seu primeiro comendador Álvaro Rodrigues Correia, que também foi abade da igreja. D. Manuel recomenda ao então Arcebispo de Braga que não pusesse qualquer entrave à nomeação do Reitor que ele havia apresentado.


Em 1546, na avaliação efectuada no tempo do arcebispo D. Manuel de Sousa, a igreja foi avaliada em 60$000 e figurava na terra da vila de Melgaço. Em Janeiro de 1565, durante o mandato do 2º comendador, Francisco Nobre, elaborou-se o Tombo da comenda de Santa Maria de Castro Laboreiro e seu limite. Em 1612, a 18 Agosto foi lavrada a carta da administração desta comenda a D. Francisco de Lima, visconde de Vila Nova de Cerveira e alcaide-mor de Ponte de Lima. Em 1616, a 26 Março, foi elaborada a carta de nomeação de Rui Barreto, visto D. Francisco ter renunciado ao cargo a favor do rei. Em 1641, a igreja foi incendiada pelos espanhóis, sendo rapidamente reconstruída. Ainda em 1641  ou 1642, durante a Restauração, o comendador da igreja Diogo Soares, tomou partido por Castela, pelo que a comenda ficou vaga. Em 1642, a 20 Março, a comenda é atribuída a D. António da Cunha, sobrinho de D. Rodrigo da Cunha, arcebispo de Lisboa. Em 1644, a igreja e os paços do concelho eram os únicos imóveis na vila com telha. No século XVII,  no decurso da última década, era referida como "formosa igreja que foi vigairaria anexa à Matriz de Ponte de Lima, passou a abadia dos bispos de Tui...e no século XIX era Comenda da Ordem de Cristo e reitoria". Em 1758, a 11 Maio, pertencia à comarca de Valença, arcebispado de Valença, sendo terra do rei. A freguesia tinha 402 vizinhos, 291 fogos inteiros e 201 meios fogos. E era vigararia que apresentava um conde de Espanha. A igreja, com invocação da Visitação de Santa Isabel e festividade a 2 de Julho, tinha três altares: o altar-mor, com a Visitação de Santa Isabel, Santa Maria e o Menino, e dois colaterais, o do lado do Evangelho com a imagem de Nossa Senhora do Rosário, São José e Santa Bárbara, e o do lado da Epístola com as imagens do Mártir São Sebastião e Santo António.  Tinha a Irmandade das Almas e duas Confrarias, a do Santíssimo Sacramento e a de Nossa Senhora do Rosário. Era reitoria com apresentação da Casa de Bragança e a renda dos dízimos era de 655$000, recebendo anualmente de côngrua o reitor 40$000 pagos em dois quartéis, 20$000 pelo Natal e o restante pelo São João e o mais em pé de altar, que rendia cerca de 160$000. Em 1775, é lavada a cabo a reconstrução da capela-mor, com data inscrita em cartela na fachada Sul da mesma. Em 1777, a 18 Junho, mandou-se reformar todo o corpo da Igreja. Em 1779, a 29 Outubro, manda-se coagir todos os moradores para contribuírem para as obras de reforma e acréscimo da igreja. Em 1812, a 3 Setembro, foi emitido o alvará nomeando o último comendador conhecido, Marino Miguel Franzine. Em 1816, o Reitor de Castro Laboreiro, tendo apenas de congrua 10$000 e 20 alqueires de centeio, solicita a D. João VI a concessão de um subsídio de 50$000 reis para o Reitor da freguesia, para poder pagar esta quantia, em dinheiro, ao seu Coadjutor, em virtude de muitos e custosos trabalhos para bem paroquiar a freguesia. Em 1836, em termos administrativos,  pertencia ao concelho de Ponte de Lima enquanto que em 1853, Castro Laboreiro era sede de concelho. Em 1855, a 24 Outubro, é decretada a extinção do concelho de Castro Laboreiro. Em 1878, passou a fazer parte do julgado de Fiães e, posteriormente, do concelho de Melgaço. Em 1910 ou 1911, ocorre um incêndio na sacristia e capela-mor. Em meados do século passado, foi feito o frontão sem retorno na torre sineira para colocar o relógio. 

Informações recolhidas em: www. monumentos.pt

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