sábado, 16 de junho de 2012

Tomás das Quingostas: herói do povo ou salteador? II





O Tomaz das Quingostas, romance histórico dedicado a esta personagem

Na continuação do texto anterior...
"O ano de 1834 foi marcado pela detenção de salteadores e guerrilheiros, sobretudo no concelho de Melgaço, devido à acção enérgica encetada pelo provedor daquele concelho contra o banditismo. Assim, em Dezembro de 1834, foram presos mais dois salteadores de renome: Manuel José Rodrigues, alcunhado “o Forno”, e Manuel António Gonçalves, conhecido como sócio número um da extinta quadrilha liderada por Manuel Veloso e sócio número dois de Tomás das Quingostas.
Por esta altura, Quingostas vagueava com os seus seguidores pela Galiza, onde praticavam todo o tipo de depredações. Quando passava a Portugal, reunia-se com os seus apaniguados no lugar de São Gregório, em Melgaço, e em diversos locais do concelho de Valadares, nomeadamente nas freguesias de Penso, São Martinho e Paderne.
Em 1834, ainda não estava claramente definida a veia política desta organização criminosa, sendo encarada como mais uma quadrilha de ladrões, na linha das que já existiam no sistema político anterior. Este raciocínio pode depreender-se das palavras do sub-prefeito de Monção ao tentar caracterizar a sua actividade na Galiza, afirmando que
“[…] Não he de estranhar que aquella quadrilha pratique semelhantes attentados na Galiza quando muitos dos seus capatazes estão no costume de hirem as villas ameaçar as uthoridades, quando sabem que elas querem proceder contra elles, o que acontecia frequentemente nesta comarca no tempo do Usurpador, e que já mesmo que depois de Aclamado o Legitimo Governo teve lugar.”
Estas palavras são reveladoras de um equilíbrio político muito frágil nos concelhos raianos do distrito de Viana do Castelo, submetidos à pressão de criminosos, mas para o qual  também contribuía uma conjuntura que permitia a sua insubmissão."

in "ESTEVES, Alexandra Patrícia Lopes (2010) - Entre o crime e a cadeia: violência e marginalidade no Alto Minho (1732 - 1870). Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais.





(CONTINUA...)

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